Justiça por saúde
Por: Natasha Lima
Jovita Silva Sousa, 70, espera há um ano uma decisão do Judiciário para fazer uma cirurgia de artrite no joelho que dói ao fazer uma simples caminhada e prejudica o seu dia a dia como dona de casa. Ela já tinha feito uma cirurgia há seis anos no joelho direito, mas, pouco tempo de pois, o joelho esquerdo começou a doer. Jovita já está a um ano a procura da autorização, mas entre laudos errados e consultas adiadas, suas idas a Defensoria Pública é constante. Durante essa espera, sendo uma pessoa humilde teve que se acostumar com a dor e seguir sua rotina de dona de casa. “O importante é estar andando”, desabafa Jovita.
A Defensoria Pública Geral garante que nada foi negado a Jovita. “Somente orientamos que, se o laudo médico não vier com todas as informações o judiciário não terá como deferir o seu pedido”, declara a assessoria da Defensoria. E informa que o SUS decide o grau de prioridade dos pacientes para determinar a ordem em que os procedimentos serão realizados.
Jovita revela que essa dor sempre a acompanhou desde jovem. Ela lembra que sua mãe sentia e também sua irmã. Podia estar reclamando da dor, mas sempre pensando no próximo declara que ela podia estar pior como a irmã que não consegue mais andar de tanta dor. “Pode ser uma coisa de família, mas não sei se é verdade’, intui Jovita”.
Em dias de ida à Defensoria, à médicos e a qualquer lugar que requer uma longa distância, seus vizinhos ficam à disposição de Jovita. Nessa busca por justiça na fila do núcleo de saúde da Defensoria, Jovita espera graças à uma antiga chefe e amiga que conseguiu essa consulta e insistiu em pagar todas as despesas. Jovita diz que não entende porque tem essas pessoas boas em sua vida, mas agradecem de todas as formas, em pequenos e grandes gestos, aqueles que estiverem em seu alcance. “Tenho agradecido muito a Deus pelas pessoas boas que têm me ajudado”, diz Jovita.
Na espera para o atendimento, conversamos também. A vida de Jovita Silva Sousa começou conturbada por causa do ambiente familiar, mas ela fez tudo para que isso não a afetasse. Mesmo vivendo em um lar violento, ela cresceu com uma personalidade forte que conseguiu conquistar o carinho e amor de muitos que estão dispostos em sempre a ajudá-la e seu marido Raimundo Silva Sousa, 69. ”Nunca encontrei pessoas ruins na minha vida. Só a pessoa que me criou. Que ela não é boa”.
Ela e seu marido conheceram na casa de um antigo chefe. Ela era cozinheira e ele o jardineiro. Talvez tenha sido amor à primeira vista, talvez não. Mas o companheirismo é inegável e estão juntos há 50 anos. Depois de três filhos crescidos e netos, eles procuram ficar sossegados, cuidando de sua casa e bichos de estimação sem dores.